Escrito por: Camila Garcia/SINTSEF-CE
Combate a PEC 32, defesa das empresas públicas e da soberania nacional farão parte do plano de lutas do SINTSEF
O segundo dia do 13º Congresso do SINTSEF foi marcado pela discussão sobre o desmonte do serviço público e das estatais brasileiras promovido pelo governo Bolsonaro. Dirigentes sindicais, parlamentares e pesquisadores compuseram as mesas de debate com falas que animaram a plenária para construir a resistência e a defesa da democracia.
A manhã do dia 21, no Sesc Iparana, começou com a solenidade de abertura do 13º Congresso com as falas de Wil Pereira, pela CUT-CE, Sérgio Ronaldo, pela Condsef e Roberto Luque, pelo Sintsef-CE. Em seguida, foi formada uma mesa de balanço das lutas do último período e Graça Costa, representando a CUT Nacional se somou ao grupo.
Nas falas de balanço, todos exaltaram as trabalhadoras e os trabalhadores dos serviços essenciais que não puderam fazer isolamento durante a pandemia, assim como os mais pobres, geralmente residêntes de áreas mais adensadas e com moradias precárias. “Durante a pandemia, o SINTSEF participou de várias manifestações, seguindo os protocolos sanitários, estivemos nos principais hospitais de Fortaleza e nas ações contra o governo Bolsonaro que se negou a comprar a vacina da Pfizer para negociar a Covaxin com propina, vacina essa que nunca chegou,” declarou Roberto Luque.
Wil Pereira embrou sobre a contribuição do SINTSEF para as lutas da classe trabalhadora e por justiça social: “nós derrotamos a reforma da Previdência de Temer e esse Sindicato foi essencial nesse processo. Nós estamos diante de uma entidade que sempre fez mobilização não só para a sua base, mas também foi solidário com a luta de outras categorias.”
À tarde, a mesa “Estratégias de luta pela reestruturação do serviço público contra as privatizações” provocou as delegadas e os delegados do 13º Congresso a defender o país contra o atual governo.
O presidente da Federação Nacional dos Petroleiros (FUP) demonstrou a importância das empresas públicas para o desenvolvimento do país, para a industrialização de regiões desprezadas pela iniciativa privada. “Se tirar a Petrobras do Nordeste, quem vai fazer os investimentos na nossa região? Qual a empresa privada traria desenvolvimento? Com as privatizações, temos um grave processo de desindustrialização. Porque o interesse da iniciativa privada é maximizar lucro e tirar direitos do trabalhador. Se há desenvolvimento econômico na região Nordeste é porque tivemos investimentos nas empresas públicas, na Petrobras e Eletrobras por exemplo”, declarou Bacelar.
O economista do Dieese, Max Leno, explicou a relação entre a mudança estrutural da base econômica e tecnológica do país com a retirada de direitos através das “reformas” impostas pelos governos de Temer e Bolsonaro. Sobre as tentativas de desmonte do serviço público, o economista refletiu que “nos últimos anos, o discurso difundido é o das despesas pessoais como a principal responsável pelo orçamento público mais reduzido no Brasil. Isso não é verdade! Tenta-se passar que o setor público é um setor privilegiado e isso não é verdade. Esse, na verdade, é o projeto da PEC 32”.
A deputada federal pelo PT-DF, Erika Kokay denunciou que “querem fazer conosco, o que fizeram com os trabalhadores da uberização. A reforma administrativa tem esse objetivo. Não temos o que comemorar no dia 28, temos que acordar as mentes e os corações dos servidores públicos para dar a resposta nas urnas.” Kokay lamentou a cultura da violência implantada pelo atual governo e relatou que ela e outras parlamentares sofrem ataques cotidianamente no Congresso desferidos por deputados seguidores de Bolsonaro.
A deputada declarou ainda que a mudança virá através das urnas. “Esse país não vai deixar pisotearem a nossa soberania, nossa pele, nossa alma. Vai lembrar a Declaração Universal dos Direitos Humanos que diz ‘todo ser humano nasce livre em igualdade de direitos.’ É por quem já passou como Marielle Franco e Margarida Alves, por quem ainda virá. E o povo do vai mostrar que igual ao Ceará tem coragem e vai mudar o que aqui está.”
A programação encerrou mais uma vez com a noite cultural, com boa música e um forrozinho que colocou todo mundo para dançar.
113 anos do DNOCS
Em 21 de outubro de 1909 foi criado o Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS). O órgão possui uma trajetória de trabalho pelo desenvolvimento da região nordeste e do norte de Minas Gerais. Responsável por obras de infraestrutura de combate a seca e de convivência com o semiárido, o órgão tem vivenciado sucessivos desmontes de sua finalidade. Para combater essa realidade é preciso renovar sua força de trabalho com concursos públicos e em conjunto com os servidores e servidoras, repensar sua atuação e contribuição para o desenvolvimento da agricultura familiar e de todo o país.
Durante o Congresso do SINTSEF foi realizada uma homenagem pelo aniversário do DNOCS. Servidores(as), aposentados(as) cantaram o hino dos 100 anos, evocando a memória e trajetória dos desbravadores do semiárido.