Escrito por: Renan Matos

Agosto lilás: Trabalhadoras CUTistas debatem sobre violência contra a mulher

Roda de conversa convocada pela CUT Ceará fez parte da programação do agosto lilás, mês dedicado ao enfrentamento da violência contra as mulheres.

Thaina Duete

A Central  Única dos Trabalhadores no Ceará, através da secretaria da mulher trabalhadora, realizou na manhã desta quarta-feira, 30 de agosto, uma roda de conversa sobre oportunidades na vida, no trabalho e no movimento sindical com políticas públicas para o enfrentamento aos impactos da violência na vida das mulheres. A atividade reuniu cerca de 60 mulheres no auditório da entidade, em Fortaleza, e encerrou a programação do agosto lilás, mês dedicado ao enfrentamento da violência contra as mulheres. 

Sob a coordenação da secretária da mulher trabalhadora, Claudinha Silva, o encontro iniciou com a realização de uma mística de abertura com o mote: “Pela vida das mulheres. Parem de nos matar!”, e contou com a participação de mulheres representantes de todos os ramos da CUT. “É um momento importantíssimo para nós mulheres trabalhadoras. Nós sabemos o quanto hoje somos vítimas de várias formas de violência, e não somente neste mês, mas diariamente as mulheres devem permanecer engajadas para lutar pelo fim da violência contra a mulher”, destaca a secretária ao falar da necessidade da sensibilização e da conscientização social sobre a realidade enfrentada pelas mulheres.

De acordo com dados da Rede de Observatórios da Segurança, a cada quatro horas uma mulher é vítima de violência no Brasil. Em 2022, foram mais de 2.400 casos registrados, sendo que quase 500 foram feminicídios. Isto é , a cada dia ao menos uma mulher foi assassinada apenas por ser mulher. Segundo Wil Pereira, presidente da CUT-CE, “esta é uma temática que precisa ser cada vez mais colocada em debate, pois ainda é um problema que afeta a nossa sociedade, sobretudo com números alarmantes, por isso deve ser tratada como um problema de todos”, ressalta o dirigente. 

Com palestras e participações de Liliane Araújo (secretária executiva de políticas para Mulheres do Ceará), Graça Costa (secretária de Organização e Política Sindical da CUT Brasil), e de Cícera Costa  (secretária de mulheres da Fetraece), o encontro prosseguiu ao longo de toda a manhã. “Precisamos agir desde a base, promovendo rodas de conversa e debates sobre o assunto, de modo a conscientizar sobre a violência”, afirma Graça Costa ao citar os retrocessos vivenciados pelas mulheres durante o governo de Jair Bolsonaro. “Foram muitas perdas, e o trabalho agora é reconquistar todos esses direitos que foram prejudicados”, finaliza a secretária da CUT Brasil. Já para Cícera Costa, “a luta em defesa das mulheres é incansável, pois trabalhamos para conscientizar as pessoas e empoderar as mulheres, na busca pela construção de um futuro mais igualitário, onde a justiça prevaleça”, pontuou a secretária de mulheres da Fetraece. 

Retrocesso

Segundo levantamento do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), o ex-presidente Jair Bolsonaro foi responsável pelo corte de 90% de recursos do orçamento da União destinados para políticas direcionadas ao combate à violência contra a mulher.

 “De fato o Braisl retrocedeu nos últimos anos na violência, na discriminação e no abusos sofridos mulheres que ocorrem de muitas formas e em vários ambientes, desde o trabalho até a sua própria residência”, repudia Liliane Araújo, secretária executiva de políticas para Mulheres do Ceará, ao também reforçar a importância de ações que possam recuperar os direitos e o protagonismo das mulheres por meio de políticas públicas.

Presença da executiva da CUT

Também participaram do encontro Emanuel Lima, secretário de administração, Nadja Carneiro, secretária de formação, Mariinha Uchôa, secretária executiva da CUT Ceará, e Lúcia Silveira, coordenadora pedagógica da Escola de Formação da CUT no Nordeste Marise Paiva de Moraes, como também representantes de sindicatos filiados à Central. 

O Agosto lilás  

Neste ano, o Agosto Lilás celebra os 17 anos da Lei Maria da Penha. A Campanha de enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a mulher, foi instituída em 15 de agosto de 2017, com objetivo de intensificar a divulgação da Lei, sensibilizar e conscientizar a sociedade sobre as formas de enfrentamento à violência contra a mulher, além de divulgar os serviços especializados da rede de atendimento à mulher em situação de violência e os mecanismos de denúncia existentes (Lei 11.340/2006) no Brasil.  

Denúncia

As denúncias de violência contra a mulher podem ser feitas em delegacias e órgãos especializados, onde a vítima obtém amparo e proteção, também por meio do "Ligue 180 - Central de Atendimento à Mulher", que funciona 24 horas por dia, recebendo denúncias e esclarecendo dúvidas sobre os diferentes tipos de violência aos quais as mulheres estão sujeitas, de modo gratuito e anônimo.