Escrito por: Rafael Mesquita, Fetamce

Após protestos por reajuste salarial, Prefeitura de Sobral retalia professores

De acordo com o Servidores Públicos Municipais de Sobral (Sindsems), houve a demissão de 86 professores da rede municipal e a cassação da suplementação de carga horária de diversos profissionais.

Sobral Online

Após os professores de Sobral realizarem protesto pelo reajuste salarial de 33,24% na última quinta-feira (17/03), o Prefeito da cidade, Ivo Gomes (PDT), aplicou uma série de retaliações à categoria. De acordo com o Servidores Públicos Municipais de Sobral (Sindsems), houve a demissão de 86 professores da rede municipal e a cassação da suplementação de carga horária de diversos profissionais.

“A gestão de Sobral se coloca como democrática, mas demite na parte da tarde os professores, tira a suplementação da carga horária temporária por retaliação pela manifestação que fizemos. É um absurdo você querer que o sindicato fique de mãos atadas a base de mordaça”, diz o presidente do Sindsems, Gilcelio Paiva, questionando ainda: “Como está o psicológico dessas pessoas? Como vão pagar as contas?”.

O protesto dos educadores ocorreu após o Executivo oferecer um aumento de apenas 21%, percentual menor que o firmado nacionalmente. Apesar de o sindicato ter tido algumas demandas do magistério atendidas pela Prefeitura, a do aumento integral da categoria ficou de fora. “Se a educação de Sobral é a melhor do Brasil, referência mundial, tem que ser mais valorizada”, disse Gilcelio Paiva.

Além dos atos administrativos, que podem ser entendidos como medidas de intimidação contra os trabalhadores, relatos de professores da rede municipal dão conta de mensagens ameaçadoras partindo de diversos órgãos municipais.

Entre as chantagens, recados de que professores temporários terão automaticamente o vínculo cancelado, que serão aplicadas faltas aos efetivos, sem direito à reposição, e que novos pedidos de ampliação serão indeferidos.

DivulgaçãoProtesto dos professores de Sobral, na última quinta-feira (17/03)

Diante das práticas antissindicais, o sindicato local estuda a apresentação de denúncia ao Ministério Público do Ceará (MPCE), assim como medidas jurídicas.

Acompanhando as repercussões traumáticas do caso, a Federação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal do Estado do Ceará presta solidariedade ao Sindsems e aos profissionais do magistério de Sobral.

Ao passo que condena os atos da gestão Ivo Gomes, a entidade estadual cobra ainda que a Prefeitura retome o diálogo democrático e que cesse os ataques à categoria, reabrindo a mesa de negociação.