Escrito por: Samira de Castro
Em dois dias de evento híbrido, Central debateu a conjuntura, apresentou balanço das ações e definiu estratégias para os próximos períodos
A Central Única dos Trabalhadores no Ceará (CUT-CE) encerrou, nesta sexta-feira (27/08), a sua 14ª Plenária Estatutária, que ficou marcada pela expressiva participação dos delegados e delegadas sindicais, da mensagem de apoio do ex-presidente Lula e da homenagem aos companheiros Jaqueline Simões e Luís Carlos Macêdo, vítimas da Covid-19 e do descaso do governo federal com a pandemia e a vida da população.
O evento foi realizado de forma híbrida, com a participação de delegados/as e observadores/as tanto presencialmente (respeitando todos os protocolos sanitários) quanto pela plataforma Zoom, por onde aconteceram os debates e discussões sobre os desafios do sindicalismo CUTista e da classe trabalhadora para os próximos períodos.
O cenário é de ameaças constantes à democracia, às instituições brasileiras, de retirada dos direitos sociais e trabalhistas, de desmonte do serviço público com a PEC 32, de enfraquecimento do Estado com as privatizações de empresas públicas e muitos outros ataques que vêm sendo realizados pelo governo Bolsonaro (ex-PSL).
Além da centralidade na luta pelo “Fora Bolsonaro”, apontada na fala de todos os representantes dos Ramos, a defesa da vida, da ciência, da saúde, da educação, do serviço público em todas as esferas e da soberania nacional foi evidenciada de maneira unânime pelos representantes dos trabalhadores e das forças políticas.
Representando o Ramos dos Rurais, o presidente da Fetraece, Raimundo Martins, destacou a necessidade de diálogo com todas as forças do campo progressista para a construção de uma nova política agrária, com prioridade para a agricultura familiar, que respeita o meio ambiente e a convivência com o semiárido, fazendo frente ao agronegócio, que desemprega e desmata.
Francimar Silva, presidente da Fetrace, representando o Ramo de Comércio e Serviços, lembrou o desmonte dos direitos trabalhistas resultantes do golpe de 2016 e destacou a importância do fortalecimento das campanhas salariais unificadas de da reconquista dos direitos por meio das convenções coletivas de trabalho.
Ana Cristina Guilherme, presidenta do Sindiute, representando o Ramo da Educação, reiterou que existe um projeto ultraliberal e fundamentalista que disputa a sociedade e tem personificado os ataques à educação e a seus trabalhadores. “O desafio é defender a escola pública, laica e de qualidade”, disse.
Representando os Municipais, a presidenta da Fetamce, Enedina Soares, destacou a necessidade de barrar a PEC 32, que visa mudar a lógica do Estado brasileiro, atingindo não só os próprios servidores, mas a população que hoje necessita dos serviços públicos em áreas fundamentais. Ela destacou as lutas específicas dos professores (pela segurança sanitária para volta às aulas presenciais), dos profissionais de enfermagem (pelo piso nacional), dos condutores de ambulância e dos agentes de saúde e endemias.
O coordenador-geral do Mova-se, Pádua de Freitas Araújo, ressaltou a necessidade de reposição das perdas salariais dos servidores públicos do Ceará, que já estão na casa dos 31%, nos últimos sete anos. E defendeu que a CUT seja mediadora do diálogo com o governo do Estado, que nunca se sentou para dialogar com a categoria.
Roberto Luque, coordenador geral do Sintsef, falou em nome dos servidores federais, destacando que a reforma administrativa representa riscos reais para toda a população e para os servidores públicos das três esferas de governo. “Ela trata da destruição do Estado brasileiro”, sentenciou. Comentou ainda a volta do clientelismo nas Prefeituras e o aumento do desemprego com o fim dos concursos públicos que se tornaram perspectivas de emprego para os jovens.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Fernando Chaves, falou em nome do Ramo da Indústria, frisando a necessidade de unidade dos trabalhadores de todos os setores: público, privado, urbano e rural. “Não há saída se não for através da unidade”.
Representando o Ramo da Comunicação, o presidente do Sindjorce, Rafael Mesquita, defendeu a criação de um fórum dos trabalhadores do setor privado para lutar contra a MP 1045, que é na prática a minirreforma trabalhista de Bolsonaro, e contra todas as medidas que estão penalizando os assalariados. Colocou também a unificação como saída para as negociações salariais frente aos patrões reunidos na FIEC. E ressaltou o respeito aos direitos dos jornalistas.
Gerando Sales, diretor do Sindeletro, representou os Urbanitários e pediu o fortalecimento da luta contra a privatização da Eletrobras. “Trata-se de uma questão de defesa da soberania nacional e do meio ambiente, pois a geração de energia elétrica pelo modal hidráulico envolve a utilização das principais reservas de água do país”, frisou.
José Sobrinho, representando o ramo de Vestuário, ressaltou o nível elevado de precarização e informalidade dos trabalhadores e das trabalhadoras do segmento. “São famílias inteiras que já trabalham sem carteira assinada, com uma máquina de costura na calçada, sem direito a salário, só ganhando pela produção”.