Escrito por: Renan Matos

CUT Ceará instala os coletivos de Cultura, Combate ao Racismo e de Comunicação

Assim como o Coletivo LGBTQIA+, lançado no começo do mês, o Coletivo de Cultura também estreia sua primeira composição.

A Central Única dos Trabalhadores no Ceará (CUT-CE), através das secretarias de cultura, combate ao racismo e de comunicação, promoveu nesta terça-feira (23/05) Encontro Estadual para instalar o primeiro coletivo estadual de cultura, e recompor os coletivos de Combate ao Racismo e de Comunicação. A atividade foi realizada no auditório da Central, em Fortaleza, e contou a presença de representantes de todos os ramos filiados à CUT.

Após uma mística de acolhimento, o encontro foi aberto pelo presidente da CUT Ceará, Wil Pereira, e pelas secretárias de cultura, combate ao racismo e de comunicação da CUT-CE, respectivamente, Edivânia Costa, Kátia Rogéria e Jizolda Evangelista. A mesa também contou com a participação da secretária de políticas sociais da Fetraece, Navegantes dos Reis, e do secretário de combate ao racismo da Fetamce, Régis Alves Pires.

Para o presidente da CUT Ceará, Wil Pereira, é fundamental o debate sobre a criação de coletivos ligados as secretarias da direção executiva da CUT Ceará. O dirigente afirma que um dos principais objetivos destes colegiados é estabelecer um diálogo permanente entre a base, dirigentes e funcionários dos sindicatos e federações para fortalecer as pautas prioritárias de cada secretaria.

 

Segundo a secretária de cultura da CUT, Edivânia Costa, “a criação do coletivo de cultura é uma grande oportunidade e, acima de tudo, um grande desafio, que é o de incluir no meio sindical a discussão sobre o reconhecimento da importância e valorização da cultura.

Edivânia também ressaltou a criação do coletivo de combate ao racismo, “precisamos compreender a dura realidade da população negra e romper com a cultura do ódio. É preciso existir para resistir”, comentou a secretária de cultura ao falar do coletivo como instrumento de mobilização, de denúncia e de formação da classe trabalhadora.

 

Já de acordo com Kátia Rogéria, secretária de combate ao racismo da CUT, “o lançamento do coletivo de combate ao racismo não tem como objetivo somente fortalecer a luta das pessoas pretas por mais representatividade e direitos, mas também como forma de denúncia de casos que infelizmente acontecem frequentemente, seja nos casos de racismo ou na precarização trabalhista, como ocorre em espaços de trabalho onde o negro é discriminado”, pontuou a secretária sobre os muitos casos de trabalhado análogo à escravidão e de discriminação pela cor de pele que ainda persistem em nossa sociedade.

Na oportunidade, o presidente da CUT-CE também repudiou o triste caso de violência racial sofrida pelo jogador brasileiro Vinicius Júnior, vítima de ataques racistas em um durante uma partida de futebol na Espanha, no último domingo (21/05).

Luta antirracista e cultura

A segunda mesa do dia debateu sobre “a cultura como instrumento de conscientização da classe trabalhadora” e o “fortalecimento da luta antirracista na construção de uma sociedade justa, igualitária e inclusiva, sem preconceito, discriminação ou racismo”. Os dois temas foram discutidos pelo secretário nacional de cultura da CUT, José Celestino Lourenço, e pela secretária nacional de combate ao racismo da CUT, Anatalina Lourença. 

“Estamos vivenciando um momento muito importante da conjuntura política do Brasil, com a presença de um Governo progressista que compreende que o racismo necessita ser combatido e enfrentado”, afirmou a secretária nacional de combate as racismo da CUT, ao evidenciar que não é possível debater um projeto de nação que promova o desenvolvimento econômico sem que o racismo seja abordado.

Anatalina também ressaltou as políticas contra o racismo desenvolvidas pela Central, como o projeto “Pílulas Antirracismo”, que busca a conscientização não apenas da classe trabalhadora, mas de toda a sociedade sobre a luta antirracista, através da divulgação de cartilhas, vídeos e publicações nas redes sociais que ampliam a reflexão sobre como o racismo se estrutura e se perpetua no cotidiano da população. “Não há democracia racial, sem justiça social”, finalizou a secretária.

Em sua fala, José Celestino parabenizou a CUT Ceará pela iniciativa de criação dos coletivos, instrumentos que vêm a fortalecer a luta contínua por mais direitos, democracia e, sobretudo, contra o fascismo e o bolsonarismo.

“É importante ressaltar a diversidade cultural não somente do Ceará, mas de todo o Brasil. A cultura ocupa um lugar de contribuição e aprofundamento da formação crítica da classe trabalhadora”, encerrou o secretário ao falar da cultura como meio de emancipação política e de fortalecimento da consciência de classe.

Coletivo de Comunicação

Já no início da tarde, a segunda parte do encontro foi aberta pelo presidente da CUT Ceará, Wil Pereira, pela secretária de comunicação, Jizolda Evangelista, e pela secretária geral, Lúcia Silveira. A mesa também contou com a participação do secretário nacional de comunicação da CUT, Admirson Medeiros (Greg), e da secretária de políticas sociais da Fetraece, Navegantes dos Reis.

 

Para a Jizolda Evangelista “a instalação do coletivo de comunicação faz-se necessária para a formação de dirigentes sindicais e o fortalecimento da luta por direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras”. A dirigente também destacou o projeto “Brigadas Digitais”, lançado em 2021 pela CUT, com o objetivo de melhorar a comunicação entre a Central e a sua base, seja ela a formada por dirigentes, militantes ou simpatizantes.

 “A comunicação tem que ser vista como estratégica para o movimento sindical. Precisamos romper com a ideia de que a comunicação é um custo desnecessário”, afirmou Greg acerca da comunicação ser fundamental importância para a mobilização da sociedade, em prol da luta pela democratização do acesso à informação e por melhores condições de trabalho para jornalistas.

 Greg também fez uma exposição sobre a estrutura nacional da comunicação da CUT, apresentou experiências bem sucedidas de coletivos em outros estados brasileiros e destacou a importância da articulação em rede de jornalistas e profissionais de comunicação das entidades filiadas à CUT.

 

Logo em seguida, o presidente do Sindicato dos Jornalistas do Ceará (Sindjorce), Rafael Mesquita, e o jornalista, mestre em linguagens, mídias e arte, e criador da página Sindicato dos Memes, Ricardo Andrade, debateram sobre “comunicação sindical x novas mídias”.

“Cada vez mais é necessário tentarmos compreender esse universo da plataformização da sociedade, para podermos dialogarmos com a nossa base sobre a construção de redes de comunicação sindicais organizadas e fortalecidas, para a transformação da sociedade”, destacou Rafael Mesquita, ao discorrer sobre as dificuldades de dialogar com a classe trabalhadora por meio das plataformas digitais.

 

Ricardo Andrade trouxe para o debate a utilização de forma estratégica do humor na comunicação sindical, com forma de sensibilização e mobilização de trabalhadores. “Quando bem construído, o humor facilita a compreensão do assunto e chama a atenção do público para as pautas sociais”, comenta o jornalista.

Composição dos novos coletivos

Os coletivos serão compostos por dois representantes indicados por cada um dos 15 ramos da CUT Ceará, totalizando 30 nomes. Alguns já foram informados durante o encontro, no entanto, os ramos que não definiram seus nomes terão até o dia 26 de maio para enviar essa informação para a secretaria geral da Central.

Primeiro coletivo LGBTQIA+ da CUT

O primeiro Coletivo Estadual LGBTQIA+ da CUT foi lançado no começo do mês, em 3 de maio. O encontro, realizado de forma híbrida, contou com a participação de representantes de todos os ramos CUTistas, que debateram sobre os impactos da violência e do desemprego na vida da comunidade LGBTQUIA+ e políticas públicas de qualidade, além da promoção e formação de lideranças para o fortalecimento do Plano Nacional do Coletivo LGBTQIA+ da CUT.