Escrito por: Redação CUT
Encontro reúne 300 delegados de todos os ramos e regiões do Ceará em Fortaleza
“A marca da nossa gestão foi de muita luta e resistência”, disse o presidente da CUT Ceará, Wil Pereira, ao declarar aberto o 14º Congresso Estadual da Central Única dos Trabalhadores no Ceará (CUT-CE), na manhã deste sábado (30/11). O evento reúne até amanhã cerca de 300 delegados no auditório do antigo Hotel Romanos, em Fortaleza (CE).
O presidente da CUT-CE destacou que durante este período, a CUT Ceará participou de mais de mil atividades na capital e no interior, promovendo de forma estratégica a formação de novas lideranças, organização sindical, filiação de novos sindicatos e a defesa da democracia e da classe trabalhadora.
“Foi muito importante a parceria das nossas 320 entidades sindicais filiadas, frentes populares e movimentos parceiros. Derrotamos a reforma da Previdência de Temer, colocamos milhares nas ruas contra os retrocessos e agora estamos aqui unidos para planejar mais quatros de muitas lutas em defesa dos trabalhadores”, finalizou Pereira ao lembrar que o 14º CECUT elegerá uma nova direção e um novo plano de lutas para nortear a Central no período de 2019 a 2023.
Agenda da resistência
Segundo Graça Costa, secretária de organização e política sindical da CUT Brasil, a atual conjuntura política impõe mais organização e muitas lutas. De acordo com a dirigente nacional, a CUT fará em 18 de março de 2020 a primeira agenda nacional de enfrentamento aos desmandos do governo de Jair Bolsonaro. “Os desafios para nós são muito grandes. Eles atacam os direitos sociais, humanos, o meio ambiente e agora a nossa organização sindical. Portanto, não podemos ficar parados e faremos grandes mobilizações em 2020”.
Unidade para lutar
Lideranças de centrais sindicais, de movimentos sociais e parlamentares também prestigiaram a solenidade de abertura do Congresso da CUT Ceará e enalteceram a importância da realização do Congresso, principalmente na atual conjuntura.
“A CUT está aí, forte e na luta. Temos divergências, mas o mais importante hoje é a unidade entre as centrais, em um grande esforço em contraponto aos desmandos do governo de Bolsonaro e em defesa da classe trabalhadora”, destacou Fernando Saraiva da CSP-Conlutas, que representou todas as centrais sindicais presentes ao encontro.
Para Fábio Rodrigues, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), “é necessária a mais ampla unidade das entidades para continuar em defesa do povo trabalhador e das liberdades democráticas. Tudo que conquistamos com muito suor está em risco hoje. Eles querem nos perseguir, nos matar, mas vamos resistir. Não é hora da gente se acovardar, é hora da gente colocar nossa camisa, nosso boné e levar nossa bandeira para a luta, com fé que dias melhores virão”.
“Vamos derrotar este governo na medida em que a gente acumular mais força. A liberdade de Lula representa para o povo brasileiro mais coragem na pressão ao governo pela garantia dos nossos direitos. Portanto, assim como lutamos contra o golpe, vamos lutar contra este governo. Não podemos nos calar!”, ressaltou Josivaldo Alves, representante da direção nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e da Frente Brasil Popular Ceará (FBP-CE) ao destacar o protagonismo da CUT e das frentes na luta contra o impeachment de Dilma Rousseff.
De acordo com o deputado estadual Elmano de Freitas (PT), “a CUT é referência para os trabalhadores. Está na hora de trazer os companheiros que não estão filiados aos nossos sindicatos, na nossa base, para a luta contra o governo Bolsonaro, pois o povo trabalhador precisa de um governo melhor do que este que está. Somos categorias muitos distintas, mas entendemos a importância de lutarmos juntos. Não é apenas a disputa do salário, é também a disputa por melhores condições de trabalho e manutenção dos nossos direitos. Este congresso é importante para produzir um novo plano de lutas, com formação de novas lideranças para agir nesses tempos sombrios”.
Já para o deputado estadual Moisés Braz (PT), “o 14º CECUT neste momento é de extrema importância para a gente ter consciência que precisamos mais do que nunca estar unidos contra este governo que é anti-povo, que faz enfrentamento aos trabalhadores e as entidades sindicais. Não tenho dúvida que este Congresso vai construir um documento que norteará as nossas lutas até 2022, preparando o povo para a retomada de um governo do povo e para o povo”.
Representando o governador Camilo Santana (PT), o secretário da casa civil, Élcio Batista afirmou que “a sociedade passa por desorganizações, por um conjunto de reformas em todo o ocidente, trazendo vários prejuízos para a classe trabalhadora e acabando com direitos históricos. Independente de qualquer coisa, os governos devem estar a serviço da sociedade de forma solidária, produzir riquezas e distribuir renda, e é por isso que a gente deve lutar”.
O deputado federal José Guimarães (PT) destacou que “o governo quer destruir todas as nossas conquistas. A pior é a MP 905, que busca enfraquecer o movimento sindical. A resistência tem que ser dentro e fora do Congresso Nacional e, mais importante do que isso, temos que ocupar as ruas, com cada companheiro dos nossos sindicatos e dizer: não vamos abrir mão de nenhum dos nossos direitos”.
Conjuntura
Após a solenidade de abertura, delegados, convidados e observadores participaram de debate sobre conjuntura política e econômica. A mesa foi composta por Juliane Furno, da Frente Brasil Popular, Deyvid Bacelar, da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e mediada por Wil Pereira, e Ana Cláudia, secretária de mulheres da Federação dos Trabalhadores, Empregados e Empregadas no Comércio e Serviços no Estado do Ceará (Fetrace).
Segundo Juliane Furno, desde o governo de Michel Temer (MDB) o movimento sindical passa por reformas, como o “fim do imposto sindical e a proposta de extinção da unicidade sindical”. De acordo com a representante da FBP, as centrais sindicais precisam promover momentos como o 14º CECUT, para refletir sobre a “reorganização das entidades sindicais e adaptação para o momento de nova configuração do mundo do trabalho no Brasil”.
Deyvid Bacelar destacou a importância do Fórum das CUTs do Nordeste neste debate de enfretamento as reformas sindicais impostas pelo governo federal. Segundo o dirigente da FUP, “será difícil barrar a contra-reforma sindical, tendo em vista o conservadorismo instalado no Congresso Nacional. Portanto, será preciso preparar os nossos sindicatos, federações e CUTs estaduais para o fim da unicidade sindical, inclusa na MP 905”.
Assista ao vídeo de balanço da gestão, exibido na abertura do Congresso