Escrito por: Redação CUT
O debate encerrou o primeiro dia do Congresso Estadual da CUT Ceará
“Deveriam chamar a ‘uberização’ de escravidão, não de empreendedorismo”, afirmou José Lopez Feijó, ex-presidente da CUT São Paulo, ao participar na tarde deste sábado (30/11), de debate sobre estratégia e organização sindical, durante o 14º Congresso Estadual da CUT Ceará (14º CECUT-CE), no auditório do antigo Hotel Romanos, em Fortaleza. Também participaram da mesa mediada por Lúcia Silveira, secretária de formação da CUT-CE e Carmem Santiago, secretária geral, a secretária de organização e política sindical da CUT Brasil, Graça Costa e Juvandia Moreira, presidenta da CONTRAF/CUT.
Segundo José Lopez Feijó, por falta de opção muitos desempregados estão se submetendo a trabalhos em empresas que “romantizam” a precarização das relações de trabalho. “Esses trabalhadores não têm vínculo empregatício, chegam a trabalhar mais de 12 horas seguidas e não têm direito a direitos previdenciários”. Para José Feijó, é preciso que as entidades sindicais se preparem para essa nova realidade no mundo do trabalho e tenham “coragem” para organizar os desempregados.
“Temos que ter coragem em organizar os desempregados. Embora desocupados, ainda são trabalhadores. Essas coisas nós podemos fazer, é só querer fazer. A reforma sindical que está chegando vai nos fazer mudar a nossa forma de atuação, para uma mais solidária. Esse é o nosso grande desafio”, finalizou o ex-presidente da CUT-SP.
Concordando com Feijó, a presidenta da CONTRAF/CUT, Juvandia Moreira, destacou que é preciso repensar a organização sindical frente a esses desafios, criando novas alternativas e se preparando para as constantes mudanças. “A CUT precisa abrir este debate. O caminho passa pela solidariedade e pela coletividade”.
Nova reforma
De acordo com Graça Costa, secretária de organização e política sindical da CUT Brasil, a Medida Provisória nº 905 é mais profunda do que a Reforma Trabalhista de Michel Temer (MDB). “Cada dia eles editam uma nova proposta para nos prejudicar. Com essa MP, eles querem mexer em 157 artigos da CLT e colocar os jovens no mercado de trabalho sem direitos. É uma medida muito mais perversa do que a aprovada pelo governo golpista, somada a reforma da Previdência, é um desastre para os trabalhadores”, disse Graça, ao lembrar que o governo de Jair Bolsonaro, com apoio do Congresso Nacional já conseguiu dificultar o acesso a aposentadoria.