Fetrafi/NE e Contraf-CUT participam de conferência internacional
A conferência é o principal fórum para colaboração e diálogo internacional entre sindicatos e administradores de fundos de pensão
Publicado: 29 Novembro, 2022 - 09h35 | Última modificação: 29 Novembro, 2022 - 10h01
Escrito por: FETRAFI/NE | Editado por: Comunicação CUT
Tem início nesta segunda-feira, 28, a Conferência do Comitê dos Sindicatos Globais sobre o Capital dos Trabalhadores, em Barcelona, Espanha. O evento, que se estende até esta terça-feira, 29, ocorre no formato presencial e conta com a participação de representantes da Fetrafi/NE e Contraf-CUT, que defendem liberdade de sindicalização e negociação coletiva.
A conferência é o principal fórum para colaboração e diálogo internacional entre sindicatos e administradores de fundos de pensão para efetuar mudanças na economia global por meio do investimento responsável do capital dos trabalhadores.
Com mais de 700 participantes de 25 países diferentes, o Comitê de Capital dos Trabalhadores é uma rede sindical internacional de diálogo e ação sobre o investimento responsável do capital dos trabalhadores. O comitê conecta ativistas trabalhistas e membros do conselho de proprietários de ativos de todo o mundo para promover o compartilhamento de informações e ações conjuntas no campo do capital dos trabalhadores.
Os tópicos da sessão para a conferência deste ano incluirão desafios e oportunidades atuais de curadores de todo o mundo, estratégias para responsabilizar os gerentes de ativos sobre os direitos trabalhistas fundamentais em investimentos, o impacto dos desenvolvimentos da política financeira sustentável nos curadores de pensões e sindicatos.
De acordo com Carlos Eduardo, presidente da Fetrafi/NE e conselheiro consultivo eleito pelos trabalhadores do Banco do Brasil no PREVI Futuro, “os recursos dos trabalhadores em fundos de pensão têm que garantir benefícios dignos e seguros nas aposentadorias, mas também respeitar direitos dos trabalhadores e sindicais. Não é razoável que os investimentos dos recursos dos trabalhadores não respeitem o direito e liberdade de sindicalização nas empresas investidas através de fundos ou ações. Devem, também, oferecer garantias de negociações coletivas.”
Para o secretário geral da Contraf-CUT, Gustavo Tabatinga, “os fundos de pensão administram o dinheiro suado dos trabalhadores e das trabalhadoras, portanto, eles devem aplicar seus recursos de forma a respeitar os interesses dos trabalhadores. Por isso, vamos seguir na luta para que sejam investidos em empresas que respeitem a organização sindical, o meio ambiente e, principalmente, os trabalhadores. Da mesma forma, seguiremos vigilantes para que esses recursos retornem duplamente em benefícios para as trabalhadoras e trabalhadores, seja diretamente em pensões que mantenham a qualidade de vida deles na aposentadoria, seja com os investimentos que proporcionem uma sociedade mais justa.”
Os sindicalistas apresentaram o modelo dos fundos de pensão brasileiro, focando principalmente no modelo dos bancários. Cobraram ainda que representantes de fundos de pensão internacionais pressionem para que esses recursos não sejam utilizados como sanguessugas das economias dos países mais pobres e dos países em desenvolvimento.
SAIBA MAIS
O QUE É CAPITAL DOS TRABALHADORES?
O capital dos trabalhadores é a poupança de aposentadoria diferida dos trabalhadores. É acumulado em esquemas financiados coletivamente, a fim de fornecer aos trabalhadores segurança financeira em sua aposentadoria. Como beneficiários efetivos desses salários diferidos, os trabalhadores são os proprietários indiretos de uma parcela substancial das ações do mundo.
Em 2016, os ativos de pensão privada nos países da OCDE atingiram US$ 38 trilhões. Isso representa uma relação média de ativo/PIB de 49,6% nos países da OCDE. Como resultado, o capital dos trabalhadores é investido em mercados financeiros em todo o mundo e em classes de ativos, como ações públicas, renda fixa e investimentos alternativos.
O QUE É ADMINISTRAÇÃO DE CAPITAL?
O investimento da poupança de aposentadoria dos trabalhadores destina-se a fornecer retornos financeiros de longo prazo aos beneficiários de pensão.
Uma abordagem proativa para gerenciar o capital dos trabalhadores – às vezes chamada de administração de capital – pode ajudar as empresas a construir valor a longo prazo e impulsionar a integração de questões ambientais, sociais e de governança (ESG) na tomada de decisões.
Ao promulgar políticas de investimento que incentivam o investimento e o desempenho de longo prazo em questões ESG, os representantes dos trabalhadores dos conselhos de fundos de pensão têm um papel crítico a desempenhar para garantir que as empresas respeitem os direitos humanos e trabalhistas, permaneçam financeiramente sustentáveis e minimizem os impactos ambientais.
O QUE É A CWC?
Entendendo o poder do capital dos trabalhadores, a CWC (Comitê de Sindicatos Globais sobre Capital dos Trabalhadores) foi criada em 1999 para promover o compartilhamento de informações e a ação conjunta.
A CWC trabalha com redes de administradores em países de todo o mundo para alcançar os seguintes objetivos:
- Reforçar as redes nacionais de curadores sindicais
- Capacitar os curadores na busca de políticas de investimento responsável orientadas para o impacto
- Fortalecer a voz dos administradores sobre a importância das questões sociais e trabalhistas em iniciativas internacionais da cadeia de investimentos