MENU

IBGE registra maior diversidade racial nas universidades do país

Avanços na luta pela igualdade racial. A presença de jovens pretos e pardos no ensino superior cresceu nos últimos 14 anos, no país, embora permaneça distante da realidade da juventude branca. No Ceará, o orgulhoso de ser negro, índio ou pardo aumentou.

Publicado: 26 Outubro, 2012 - 01h26

Escrito por: CUT CE

notice
Cresce o orgulho de ser Cresce o orgulho de ser Dados do IBGE apontam que, no Ceará, mais pessoas passaram a se declarar negras, índias ou pardas. O estudo mostra ainda que, em 1997, apenas 1,8% da população preta de 18 a 24 anos estava ou já tinha se formado na universidade, índice que subiu para 8,8% em 2011. No caso dos pardos, o crescimento foi de 2,2% para 11%, no mesmo período.
Os dados fazem parte da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, que utiliza o critério de autodeclaração dos entrevistados. De 1997 a 2011, o percentual de jovens de 18 a 24 anos que já tinham diploma ou frequentavam a universidade passou de 11,4% para 25,6%.
“Políticas de inclusão são indispensáveis num país como o nosso”, apontou o ministro da educação, Aloísio Mercadante. Ele defendeu a Lei de Cotas nas universidades e nos institutos federais, que começará a valer no próximo vestibular, com duração prevista até 2016. Para o ministro, o objetivo é que as matrículas no ensino superior passem a refletir a realidade do conjunto da população brasileira captada pelo Censo do IBGE. Ou seja, que as faculdades tenham 7,6% de estudantes pretos e 43,13% de pardos.
A Pnad registra avanços também no acesso da população de baixa e alta renda. Entre os brasileiros que fazem parte dos 20% mais pobres da população, a presença na universidade passou de 0,5%, em 1997, para 0,6%, em 2004, saltando para 4,2% em 2011. O aumento ocorreu justamente no período que coincide com a criação do ProUni, que concede bolsas em faculdades privadas a estudantes de baixa renda, pretos, pardos e indígenas.
Além dos avanços no acesso de índio, negro e pardos ao ensino superior, o IBGE apontou que, no Ceará, cresceu o orgulho de ser dessas raças. Aumentou a quantidade de pessoas que se declaram indígenas, negras e, principalmente, pardas, e, consequentemente, caiu o número das que se autodeclaram brancas.
A região do Cariri é a que mais concentra a população negra, e o noroeste do Estado (denominação do IBGE para o que normalmente chamamos de Litoral Oeste) tem a maior parte da população indígena do Ceará. A proporção de brancos, negros, amarelos, pardos e índios é parecida entre interior e Capital, mas é mesmo em Fortaleza e na Região Metropolitana que a diferença pelo critério cor/raça do IBGE diminuiu.
De todos os dados de cor e raça revelados pelo IBGE para o Ceará, o mais expressivo é da população que se declara indígena. No ano de 2000, 1,7% da população brasileira que se declarou indígena estava no Ceará. Em 2010, esse número sobe para 2,3% da população indígena nacional. Esse movimento é acompanhado, embora de forma mais tímida, em outros Estados do Nordeste. Mas para qualquer região que se olhe haverá uma evolução na autodeclaração indígena nos últimos 20 anos, isso porque no censo de 1980 não havia a categoria "indígena". Contornada a questão, as etnias não só passaram a afirmar a identidade como estimularam o reconhecimento de índios que até então se denominavam "pardos".
Para o secretário de Combate ao Racismo da CUT - CE, Antônio Ricardo, os avanços na luta pela igualdade racial são motivadas pela constante pressão dos movimentos sindicais para realização de políticas. "Temos que debater cada vez mais a questão do preconceito. Por isso, vamos realizar, em Fortaleza, na semana do Dia Nacional de Consciência Negra, 20 de novembro, seminário voltado para discutir sobre as políticas públicas de combate a exclusão racial", defende.