Juíza de Mauriti autoriza despejo de famílias Sem Terra
Ao todo, 30 famílias receberam ordem judicial para deixar acampamento Vida Nova, no distrito de Buritizinho, onde moram e trabalham há cinco anos
Publicado: 29 Junho, 2015 - 21h05
Escrito por: Marcelo Matos/MST-CE

A juíza da Vara Única da Comarca de Mauriti, Maria Lúcia Vieira, autorizou, nesta segunda-feira (29/6), a reintegração de posse do um terreno onde 30 famílias moram e trabalham na terra. Este é o terceiro despejo sofrido em cinco anos pelas famílias que ocupam o acampamento Vida Nova, no distrito de Buritizinho - a 12 quilômetros da sede (Mauriti). Localizado na região do Cariri, o acampamento fica a quase 500 quilômetros de Fortaleza. 491,8 Km. A reintegração está marcada para as 6 horas da manhã desta terça-feira (30/6).
Mauriti é um dos municípios pobres do Ceará e com muita terra concentrada nas mãos de latifundiários. Os três primeiros despejos deixaram várias sequelas nas famílias. "Elas perderam tudo”, informa a coordenação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) da região. Segundo lideranças locais, as famílias vêm sofrendo diversas perseguições, tanto por parte dos fazendeiros como do Poder Judiciário.
Segundo informações repassadas ao MST-CE, a reintegração de posse, marcada para as 6 horas da manhã desta terça-feira, deverá contar com o efetivo de 50 guardas municipais, o Batalhão de Choque de municípios vizinhos e máquinas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para realizar à força a desocupação da área. Ainda segundo o MST-CE, os trabalhadores e trabalhadoras "não arredarão o pé do local", já que têm "uma vida toda" lá.
A coordenação do MST no Ceará informa ainda que já vem negociado diversas vezes com o Governo do Estado e com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) a posse da área para os trabalhadores. "Porém, a reforma agrária não caminhou no Ceará”, destaca Antônio Pereira, da direção estadual do MST. Ele informa que há cerca de 5 mil famílias acampadas no Estado. "Muitas delas já debaixo de lona há 15 anos e nada de assentar novas famílias", diz.
A direção do MST estadual reclama ainda do "estado crítico" em que se encontra o Incra: "Nem sequer a ouvidora agrária foi nomeada". Sobre o Governo do Estado, o MST-CE informa que vinha sendo negociada a arrecadação da área através da Secretaria do desenvolvimento Agrário (SDA). "Mas, até o momento, tem tratado com morosidade a situação e que não tem se empenhado em realizar uma ampla e massiva reforma agrária", afirma Antônio Pereira.