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Mais de um 1,51 milhão vive em situação de pobreza ou extrema pobreza na RMF

Levantamento também aponta que quase 20 milhões de pessoas vivem em situação de vulnerabilidade social nas metrópoles brasileiras

Publicado: 09 Agosto, 2022 - 09h47

Escrito por: Redação CUT

Agência Brasil
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O número de pessoas em situação de pobreza chegou a quase 20 milhões de pessoas nas metrópoles brasileiras em 2021. De acordo com o 9º Boletim Desigualdade nas Metrópoles, produzido em uma parceria entre a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), o Observatório das Metrópoles e a Rede de Observatórios da Dívida Social na América Latina (RedOdsal), mais de 19 milhões de pessoas estão em condição de pobreza, e mais de 5 milhões vivem em situação de extrema pobreza.

Entre 2014 e 2021 a taxa de pobreza subiu de 16% para 23,7%, o que em termos absolutos se traduziu em uma elevação de 12,5 milhões para 19,8 milhões de pessoas. Ou seja, em apenas sete anos 7,2 milhões de pessoas entraram em situação de pobreza nas metrópoles brasileiras. Em relação à extrema pobreza, no mesmo período a taxa mais do que dobrou, variando de 2.7% para 6.3%. Em termos absolutos, foi um aumento de 2,1 para 5,2 milhões de pessoas em situação de extrema pobreza nas nossas grandes cidades.

Na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) os números também são alarmantes. Durante a pandemia da Covid-19, o número de pessoas vivendo nessas condições passou de 1,03 milhão para 1,27 milhão na região composta pela Capital cearense e outros 18 municípios. Na extrema pobreza passou de 217.515 para 232.236. Ou seja, somados, mais de 1,51 milhões de pessoas vivem em situação de pobreza e extrema pobreza.

Segundo o presidente da CUT Ceará, Wil Pereira, a elevação dessas estatísticas acelerou por conta da falta de políticas públicas que considerem o aumento da renda do trabalhador e a redução das desigualdades. De acordo com o dirigente, o corte do auxílio emergencial, a disparada da inflação e a retomada insuficiente do mercado de trabalho, contribuíram fortemente para a piora dos indicadores sociais em 2021.

“A inércia do governo Bolsonaro fez com que milhares de famílias voltassem a uma situação de vulnerabilidade social. O Brasil retornou ao mapa da fome da ONU em 2020 e a pandemia agravou ainda mais esses indicadores sociais. É por isso que precisamos dar um basta neste governo em outubro”, destacou Wil Pereira.

Renda cada vez mais baixa

Como efeito da pandemia, não somente as desigualdades aumentaram como a média de rendimentos caiu e atingiu os menores valores da série histórica. Se em 2019 o rendimento médio era de R$1.935, em 2020 ele havia caído para R$1.830, e em 2021 chegava a R$1.698. No Distrito Federal, a renda média caiu de R$2.784 para R$2.476 naquele período. Na região metropolitana de Recife a queda foi de R$1.593 para R$1.079. E em Porto Alegre foi de R$2.218 para R$1.947.

“A pandemia gerou o pior cenário possível, com queda brutal da média de renda e aumento significativo das desigualdades. Isso significa que a população das nossas metrópoles está, em geral, mais empobrecida, e os recursos mais concentrados entre os estratos mais altos. A consequência esperada e mais palpável disso é o aumento da pobreza e da extrema pobreza”, afirma Marcelo Ribeiro, professor do IPPUR-UFRJ e um dos coordenadores do estudo.

Os coordenadores do estudo enfatizam que uma série de fatores explicam a piora dos indicadores sociais nas regiões metropolitanas brasileiras ao longo dos últimos anos, incluindo o aumento da taxa de desocupação entre 2014 e 2017, a redução da atividade econômica naquele período, a estagnação dos programas de transferência de renda em termos de valores de corte e número de beneficiários, a perda do poder de compra do salário mínimo e, nos últimos anos, o choque da pandemia e o aumento da inflação.

Segundo Marcelo Ribeiro, “diante de um quadro de tamanha gravidade, é preciso agir com urgência no sentido de estimular a criação de empregos e, também, de garantir que o Estado consiga atender aos mais pobres com políticas sociais robustas, bem desenhadas e sustentáveis”.