Escrito por: Redação CUT
Cerca de 2,2 milhões aguardam meses na fila do INSS para conseguir a concessão de benefícios previdenciários
No Dia Nacional dos Aposentados e da Previdência Social centenas de pessoas protestaram, na manhã desta sexta-feira (24/1), contra o desmonte do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), em frente ao prédio da gerência regional do órgão, no Centro de Fortaleza.
As centrais sindicais, sindicatos, federações, movimentos sociais e as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo fecharam parte da Rua Pedro Pereira, ocuparam a frente do prédio da Previdência Social e repudiaram a proposta de “desmonte” do INSS, anunciada pelo governo de Jair Bolsonaro, no último dia 14.
De acordo com a medida, Bolsonaro pretende contratar temporariamente cerca de 7 mil militares da reserva para reforçar o atendimento nas agências do (INSS), tendo como “suposto” objetivo reduzir os mais de 2,2 milhões de pedidos de benefícios em atraso.
Segundo Wil Pereira, presidente da CUT Ceará, o descaso iniciou com a extinção do Ministério da Previdência, em 2016, aumentou com a má gestão do órgão nos governos de Michel Temer e Bolsonaro e a falta de concursos públicos para suprir um déficit de 20 mil servidores em todo o país. “Eles deram um golpe de Estado para acabar com a Previdência Pública. Extinguiram o Ministério da Previdência, sucatearam toda a estrutura do órgão, não fizeram concursos públicos para substituir os servidores que se aposentaram e ainda aprovaram uma reforma da previdência perversa para prejudicar a classe trabalhadora. O problema não será resolvido com soldados nas agências e sim com a convocação emergencial de servidores do INSS aposentados que já conhecem bem como funciona a análise e liberação de benefícios, além da realização de concurso público. Ou seja, falta inteligência ou sobra má-fé do governo.”
Nota das Centrais
Além da atividade de rua, a CUT e demais centrais sindicais também distribuíram uma nota em defesa da aposentadoria e dos servidores do INSS. Leia na íntegra abaixo.
EM DEFESA DO DIREITO À PREVIDÊNCIA SOCIAL
No dia 24 de janeiro de 2020, a Previdência Social comemora 97 anos. Também é considerado o Dia Nacional dos (as) Aposentados (as). Nossa comemoração deve acontecer com protesto nas ruas, uma vez que hoje, quem precisa acessar a Previdência Social pode levar até seis meses para conseguir a concessão dos benefícios pelo INSS.
Quase 2 milhões de pessoas seguem a espera de atendimento. São usuários que procuram garantir o direito à aposentadoria, auxílio-doença, pensão por morte e licença maternidade, entre outros.
MAS VOCÊ SABE POR QUE CHEGAMOS NESSA SITUÇÃO?
Há um déficit de 11 mil trabalhadores no setor, fruto do sucateamento que o INSS acumula nos últimos 10 anos. Enquanto a fila de pessoas esperando atendimento só cresce, faltam concursos públicos, servidores se aposentam e recentemente Bolsonaro passou a fechar agências no interior, além de restringir serviços e atendimentos somente via internet. Hoje, 96 dos 90 serviços oferecidos pelo Instituto só podem ser feitos através do site https://meu.inss.gov.br/.
O PRESIDENTE JÁ ANUNCIOU QUE TEM UM PLANO DE EMERGENCIAL. SERÁ QUE VAI FUNCIONAR?
Jair Bolsonaro anunciou que convocará 7.000 militares aposentados para atuar nos postos da Previdência. Afirmou que os militares devem começar a trabalhar até abril e que as filas serão zeradas até setembro. Eles receberão 30% a mais para somar ao soldo que já recebem na reserva.
A falta de capacitação dos militares, o fechamento de agências do INSS e o atendimento só via internet são fortes razões para acreditar que o plano de Bolsonaro não deve funcionar e ainda sairá muito caro para os cofres públicos.
ENTÃO QUAL DEVE SER A SOLUÇÃO?
Para lidar com a emergência das filias, o melhor seria contratar aposentados da própria Seguridade Social. Eles conhecem a legislação previdenciária, bem como os sistemas em que são processados os dados dos cidadãos. Cerca de seis mil servidores do INSS se aposentaram nos últimos 3 anos e poderiam ser chamados no lugar dos militares.
O governo precisa também:
- Reabrir as agências que foram fechadas;
- Convocar os aprovados no concurso de 2015;
- Realizar novos concursos públicos;
- Investir em infraestrutura das agências, com computadores de última geração e internet de alta velocidade.
Por tudo dito é que estamos em manifestação pela defesa do nosso direito à Previdência Social. Sabemos que é interesse do atual governo desmontar a Seguridade e privatizar a Previdência. Já começou com a reforma, que aumentou a idade, o tempo e os percentuais de contribuição para a aposentadoria.
Bolsonaro confunde a população com discursos inflamados de medo e defesa da moral, se aproveitando daqueles que sofrem com a desigualdade social, com a falta de emprego e dos que dependem das aposentadorias. Mas essa situação precisa mudar!
Convidamos a população para se manifestar também e somar com a gente na luta pela defesa INSS, contra a militarização do órgão e por concursos públicos já!
Assinam:
Central Única dos Trabalhadores (CUT)
Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)
Intersindical - Central da Classe Trabalhadora (Intersindical)
Central Sindical e Popular Conlutas (CSP-Conlutas)