Nota de repúdio: CUT Ceará contra a pulverização aérea por drones
Publicado: 09 Dezembro, 2024 - 15h41
Escrito por: Redação CUT
A Central Única dos Trabalhadores no Ceará (CUT-CE) vem a público expressar veemente repúdio à proposta de liberação da pulverização aérea de agrotóxicos por drones, anunciada pelo governador Elmano de Freitas durante o evento Cresce Ceará, no último dia 6 de dezembro. Tal medida representa um grave retrocesso ambiental, social e sanitário, contrariando princípios e conquistas que têm colocado o Ceará como referência nacional e internacional em defesa da vida e do meio ambiente.
Causa-nos profunda perplexidade que o governador, coautor da Lei Estadual nº 16.820/2019, conhecida como Lei Zé Maria do Tomé, que proíbe a pulverização aérea de agrotóxicos, defenda uma proposta que desvirtua os pilares dessa legislação histórica. Instituída em homenagem ao líder comunitário e ambientalista Zé Maria do Tomé, brutalmente assassinado por sua luta contra o uso indiscriminado de agrotóxicos, essa lei é um marco na construção de uma agricultura mais sustentável e na proteção da saúde coletiva.
Estudos científicos amplamente reconhecidos apontam os impactos devastadores da pulverização aérea para o meio ambiente e a saúde humana. A contaminação de solos, rios, aquíferos e pescados, além da dispersão de agrotóxicos em áreas habitadas, eleva drasticamente os riscos à saúde, incluindo doenças graves como câncer. Pesquisa da Universidade Federal do Ceará (UFC), conduzida pela Dra. Raquel Rigotto, demonstrou que o consumo de alimentos contaminados com agrotóxicos pode causar leucemias, linfomas, cânceres de pulmão, estômago, próstata e testículos, além de desencadear malformações congênitas, infertilidade masculina e desregulações endócrinas.
A liberação dessa prática representa uma afronta ao compromisso global no combate às mudanças climáticas, promovendo um modelo de produção que agrava a degradação ambiental e compromete a saúde pública. Em contrapartida, defendemos o fortalecimento da agroecologia como um caminho para a produção de alimentos saudáveis, livres de venenos, em harmonia com a preservação ambiental e os direitos das populações rurais.
Diante disso, a CUT-CE exige que o governador Elmano de Freitas desista dessa proposição e reforce políticas públicas que assegurem o fortalecimento da agricultura familiar, a soberania alimentar e o direito humano à alimentação saudável. É fundamental priorizar investimentos em práticas agrícolas sustentáveis, que consolidem o Ceará como referência na luta pela vida e pela preservação do meio ambiente.
Direção Executiva da CUT-CE