Escrito por: Rafael Mesquita, Fetamce

Seminário destaca a luta contra as desigualdades de raça, gênero e classe

A atividade aconteceu na sede da central cearense e em pleno Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher, calendário dos 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher

Marcos Adegas/Fetamce

A Central Única dos Trabalhadores no Ceará (CUT-CE) realizou nesta quinta-feira (25/11), em parceria com a Federação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal do Estado do Ceará (Fetamce) e a Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal (Confetam), o Seminário “A luta antirracista e o enfrentamento à violência contra as mulheres”.

Uma das primeiras atividades presenciais pós pandemia de Covid-19, a atividade aconteceu na sede da central cearense e em pleno Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher, calendário dos 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher, que inclui o Dia da Consciência Negra e considera a dupla vulnerabilidade da mulher negra.

Coordenado pelas secretarias de formação e de combate ao racismo da CUT-CE, o evento contou a participação, como painelistas, de Jucélia Vargas, presidenta da Confetam e representante do Brasil no Comitê de Combate ao Racismo e à Xenofobia da Internacional de Serviços Públicos (ISP), e Ozaneide de Paula, secretária da mulher trabalhadora da Confetam.

Kátia Rogéria, secretária de combate ao racismo CUT local, destacou a importância da reorganização da luta pós-pandemia e de inserir os debates desta natureza no movimento sindical, ainda profundamente machista, na sua opinião. A dirigente citou a célebre frase da teórica feminista Angela Davis para destacar a força da batalha que protagonizam: “Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela”.

Marcos Adegas

Em sua fala, Ozaneide de Paula destacou os 21 dias de ativismo e o papel das militantes. “Precisamos eliminar de vez a violência contra a mulher. Hoje está sendo uma atividade histórica, pois as discussões, de elevado teor social e crítico, serão levadas para o movimento sindical no combate à todas as formas de opressão, seja ao povo negro ou às mulheres. Não queremos só palavras, mas também políticas que possam contemplar essas populações”, declarou.

Marcos Adegas

Com foco na formação e preparação do movimento sindical para o combate às desigualdades de raça, gênero e classe, o seminário trouxe a discussão conjuntural dos atuais desafios deste campo de intervenção, considerando, sobretudo, o contexto de crise política, social, econômica e de saúde, agravadas pela pandemia e pelo pandemônio provocado pela gestão Bolsonaro no Governo Federal.

Segundo Jucelia Vargas, a atividade cumpre papel relevante, tendo em vista as estatísticas terríveis contra o povo negro e as mulheres. “É de suma importância discutirmos o papel do Estado na inclusão social dessas populações. Não existe democracia com racismo, machismo e homofobia. É preciso discutir para onde está indo o dinheiro das políticas públicas e cobrar que elas promovam um bem-estar para todos”, declarou Jucelia.

Marcos Adegas

Falando sobre o desafio de trazer temas de tão grande relevância para o centro das discussões com mais força e propósito, Enedina Soares, presidenta da Fetamce e secretária de formação da Central no Ceará, apontou: “Hoje é um momento muito especial. É um debate não só de mulheres e sim de homens que precisam também se apropriar do tema. Nosso foco aqui é dar mais visibilidade ao nosso posicionamento para denunciarmos qualquer tipo de violência contra as mulheres”.

Marcos Adegas

Por sua vez, a secretária de Organização e Política Sindical da CUT Brasil e presidenta do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Graça Costa, o seminário ofereceu uma visão crítica sobre o processo de escravização de negros e negras, sequestrados de suas nações para as chamadas colônias imperiais. “Muitas vidas foram dilaceradas, encarceradas e escravizadas. Nós precisamos pedir perdão a toda a população negra e fortalecer mais ainda a luta antirracista no Brasil”, enfatizou.

Já Vilani Olieira, coordenadora geral do Movimento Negro Unificado no Ceará (MNU-CE) e secretaria de Combate ao Racismo da Confetam, os relatos do seminário foram importantes de mulheres que no decorrer de suas vidas romperam barreiras e se empoderarem. “Além de todo o combate ao patriarcado, a representatividade foi um dos pontos altos da discussão. Como é importante denunciarmos o racismo, a violência e as nossas dores. Foram falas inspiradoras, de vidas reais e sofridas, mas que nas lutas conseguiram seus espaços”, lembrou.

Marcos Adegas