Trabalhadores mobilizam-se no Ceará em defesa da aposentadoria e do emprego
Ato foi realizado nesta quinta-feira (22/11), em frente à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego, em Fortaleza. Atividade inicia campanha permanente em defesa da Previdência e da Seguridade Social
Publicado: 22 Novembro, 2018 - 18h54 | Última modificação: 22 Novembro, 2018 - 19h23
Escrito por: Raquel Chaves/Assessoria de Comunicação da CUT-CE (*)
Fortaleza chegou forte nesta quinta-feira (22/11) no Dia Nacional de Mobilização em defesa da Previdência e da Seguridade Social. Mobilizada pela CUT-CE, juntamente com a Frente Brasil Popular no Estado e outras duas centrais sindicais (CTB e CSP-Conlutas), a classe trabalhadora cearense realizou atividade no Centro da capital. Manifestantes participaram de ato político, durante toda a manhã, em frente à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE).
Trabalhadores das três esferas do funcionalismo público, de várias áreas, além de dirigentes sindicais e servidores da SRTE e dirigentes sindicais, também denunciaram ataques ao Ministério do Trabalho e Emprego (TEM), já ameaçado de extinção pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro. Foram distribuídos, ainda, diversos materiais de alerta e campanha sobre a importância da Previdência Social (CLIQUE AQUI para baixar o Jornal da Previdência)
O anúncio feito pelo presidente eleito, de forma atabalhoada, no início do mês, sobre a possível extinção do MTE, foi repudiado de imediato pela classe trabalhadora. E esteve presente nos discursos durante o ato nacional de hoje. Para o presidente da CUT-CE, Wil Pereira, fechar as portas de um espaço institucional como este, no âmbito governamental, é acabar com o maior canal de expressão dos trabalhadores. “O Ministério é nosso lugar de fala e escuta, é um espaço de discussão, que regula as relações entre capital e trabalho. É terrível que sejamos ameaçados dessa maneira”, disse o dirigente.
MTE é referência mundial
“A quem interessa a extinção do Ministério do Trabalho?”, questionou Sérgio Carvalho ao microfone. Fiscal do trabalho vinculado à SRTE, ele enfatizou a relevância da manutenção do MTE para a toda a classe trabalhadora, de todos os órgãos públicos e setores econômicos do país. “A gente tem um histórico de combate ao trabalho escravo que é referência mundial e que pode se acabar de uma canetada. Então, vamos ficar atentos e nos unirmos. Precisamos defender o Ministério do Trabalho com unhas e dentes”, reforçou.
O servidor público afirmou ainda que se não houver luta e resistência, inclusive nas ruas, o MTE vai continuar acabando. “Porque se acabando ele já está há algum tempo” De acordo com ele, o número de auditores fiscais do trabalho existentes hoje é o menor dos últimos 20 anos. “Esse processo de sucateamento do Ministério do Trabalho não é de hoje. É de algum tempo”, denunciou. Sérgio Carvalho insistiu na defesa ferrenha à manutenção do MTE, “um órgão vital pra proteção do trabalho digno, da jornada digna, e de luta contra o trabalho escravo e o trabalho infantil”.
Classe trabalhadora unida, apoio irrestrito
Saúde e educação também são duas áreas bastante ameaças desde que se iniciou e concretizou o golpe de 2016 e se intensificaram os ataques à classe trabalhadora. E foram destacadas por dirigentes presentes no ato. Auxiliadora Alencar, dirigente do Sindicato Mova-se, que reúne servidores públicos estaduais, relembrou a Emenda Constitucional 95, que congelou investimentos nas áreas da educação, saúde e segurança por 20 anos. “Precisamos construir essa resistência ao governo Temer-Bolsonaro. Compreendemos que esses governos vieram pra destruir os instrumentos de luta da classe trabalhadora e atacar políticas públicas importantíssimas”. Segundo Auxiliadora, na área da saúde hoje, “há trabalhadores que têm situação de trabalho análogo ao escravo. Isso, com o Ministério do Trabalho existente. Imagine com o fim desse Ministério!”, preocupou-se.
Representados pelo Sindiute, trabalhadores da educação municipal foram manifestar apoio à luta pela manutenção do MTE e da Previdência. “Estamos em todo o Brasil, dentro e fora das escolas, fazendo o trabalho político que é necessário nesse momento. O governo que se anuncia está a serviço do grande capital, dos empresários, dos banqueiros, daqueles que detém o poder econômico no país e fora dele”, disse a professora Gardênia Baima, dirigente do Sindiute e da CUT-CE.
Defesa da Previdência continua
Ao longo de 2017 e 2018, as Centrais Sindicais discutiram amplamente a reforma da Previdência Social e seus impactos na vida dos brasileiros e brasileiras. A CUT-CE também protagonizou esse movimento e destacou as principais referências para nortear esse debate. Em cada uma dessas referências, foram elencados os pontos a serem preservados e/ou implementados para garantir aos trabalhadores e trabalhadores uma previdência social pública, universal, sem privilégios e capaz de ampliar a proteção social.
No Ceará e em todo o Brasil, a campanha em defesa da Previdência, lançada no último dia 12 de novembro pela CUT e demais centrais sindicais, continuará. Ainda serão realizados protestos, assembleias e panfletagem nos locais de trabalho, diálogo nas ruas com a população e panfletagem em praças públicas e locais de grande circulação – a exemplo dessa primeira manifestação de hoje (22). Um documento com os princípios gerais para a garantia da universalidade e do futuro da Previdência e da Seguridade Social também foi divulgado pelas entidades sindicais (confira aqui).
(*) Colaborou Emanuel Lima/CUT-CE