Escrito por: Renan Matos

Desemprego é 71% maior entre os pretos, afirma Kátia Rogéria, secretária da CUT-CE

Dirigente comenta sobre o Dia Nacional de Denúncia contra o racismo e os principais desafios da população negra no mercado de trabalho

Nesta sexta-feira (13/5) o Brasil completa 134 anos da ilusória abolição da escravatura, uma data de reflexão e de luta contra a discriminação e a desigualdade racial. Em 13 de maio de 1988, a Lei Áurea que determinou a abolição do regime escravista no Brasil foi sancionada pela Princesa Isabel. A data, porém, não é celebrada por entidades sindicais e pelos movimentos negros, em razão do tratamento precário sofrido pela população escrava recém-liberta, a qual foi abandonada e esquecida nas ruas sem as mínimas condições de sobrevivência. Isso contribuiu com a perpetuação do racismo no país, de acordo com a secretária de combate ao racismo da Central Única dos Trabalhadores (CUT/CE), Kátia Rogéria.

“A falsa abolição dos escravos veio sem nenhum direito ou implementação de políticas públicas de inserção do nosso povo”, destacou Kátia Rogéria, ao explicar que o racismo no Brasil é estrutural e afeta quase todas as relações econômicas e sociais do país.

A secretária afirma ainda que é no mundo do trabalho onde a população negra mais sofre, já que o desemprego entre os negros é 71% maior que entre os que se declaram brancos. Segundo o relatório “Síntese de Indicadores Sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira 2021”, publicado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as pessoas pretas representaram a maior parte da população desempregada, empregada com subocupação e com os menores rendimentos mensais no Brasil em 2020.

Informalidade

Dados levantados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base na Pesquisa Nacional por Amostra de domicílios (Pnad-Contínua), também do IBGE, mostram que o trabalho informal (ou seja, sem a proteção previdenciária) é realidade para a maioria de negros e negras. Nessas ocupações estão 48% dos negros (homens não negros são 35%) e 46% das negras (mulher não negras nesse tipo trabalho são 34%).

Diante dessa realidade, Kátia Rogéria, destacou a importância da mobilização social para unir forças na luta diária contra o racismo e denunciar a violência e o abandono do povo preto. “Não dá mais para que o povo preto continue nessa situação. Repudiamos o descaso e reivindicamos o nosso espaço nessa sociedade que nos oprime e que nos mata todos os dias. Precisamos ampliar o debate sobre igualdade e justiça social no nosso país”, ressaltou a secretária.

Com informações da CUT Brasil